Estudo realizado recentemente por Anjel Vahratian, chefe de análise de dados do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde aponta que 48,9% das mulheres na faixa etária de 40 a 59 anos dizem que não acordam se sentindo descansadas em pelo menos quatro dias por semana.

Uma pesquisa publicada neste mês nos Estados Unidos, por Anjel Vahratian, chefe de análise de dados do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, ligado ao Centros de Controle e Prevenção de Doenças, agência do Departamento de Saúde americano, revelou, que mulheres na faixa etária de 40 a 59 anos não estão dormindo o suficiente.

De acordo com estudo, mais de um quarto das entrevistadas (26,7%) revelaram que, em quatro ou mais noites na semana, enfrentam dificuldade em continuar dormindo após adormecerem, outras 19,4% relatam dificuldades em adormecer em quatro ou mais noites por semana.

Além disso constatou-se que uma em cada três dessas mulheres (35,1%) dormem menos de sete horas por noite, e 48,9% disseram que não acordam se sentindo descansadas em pelo menos quatro dias por semana.

“Esse último resultado me surpreendeu especialmente. É uma parcela muito grande” disse à BBC Brasil a autora do estudo, Anjel Vahratian.

Recomenda-se segundo A National Sleep Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada ao estudo do sono, que adultos de 18 a 64 anos durmam de sete a nove horas por noite, adolescentes, o ideal é de oito a dez horas, e para quem tem 65 anos ou mais, de sete a oito horas.

“A duração e a qualidade do sono são importantes fatores para a saúde e o bem-estar”, diz o estudo.

Menopausa

Anjel Vahratian analisou dados de 2.852 mulheres não-grávidas com idades entre 40 e 59 anos que participaram da National Health Interview Survey (pesquisa anual de saúde conduzida pelo NCHS que envolve mais de 35 mil lares americanos) em 2015.

Afirma com estudo que períodos de mudanças hormonais, como as relacionadas à transição para a menopausa, deixam as mulheres particularmente vulneráveis a distúrbios do sono.

“Nosso interesse é analisar tanto a duração quanto a qualidade do sono. Muitas vezes se fala somente na duração, mas se você dormir oito ou nove horas por noite e acordar várias vezes durante esse período, a qualidade não será boa”, observa Vahratian.

Entre as mulheres que participaram, 74,2% estavam na pré-menopausa, 3,7% na perimenopausa (no estudo, o termo se refere a mulheres que não menstruam mais e registraram o último ciclo há menos de um ano) e 22,1% na pós-menopausa (última menstruação há mais de um ano ou que passaram por cirurgia para remover os ovários).

Nesse estudo foram realizadas as seguintes perguntas, quantos dias, na semana anterior, sentiram-se descansadas ao acordar, quantas vezes tiveram dificuldade de adormecer e de continuar dormindo e quantas horas dormiram em um período de 24 horas.

De acordo com respostas constatou-se que mulheres na pós-menopausa apresentaram maior probabilidade de enfrentar dificuldades para adormecer e continuar dormindo e de acordar sem a sensação de descanso.

Mulheres na perimenopausa apresentaram maior probabilidade de dormir menos de sete horas por noite, com 56% indicando o problema.

Entre as participantes na pós-menopausa, 40,5% disseram dormir menos de sete horas, e entre as mulheres na pré-menopausa, 32,5%.

“Essa é uma parcela da população que talvez precise de mais informações e orientação sobre quantidade e qualidade do sono”, afirma.

Riscos de Doenças

Diabetes

Quando o corpo passa a não produzir insulina, ou não responde adequadamente à insulina produzida, hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue, ocorre a diabetes. Estudos comprovam que distúrbios do sono podem levar a resistência à insulina e aumento das taxas de glicose no sangue.

Doenças Cardiovasculares

A neurologista Sandhya Kumar, especialista em sono do centro médico acadêmico Wake Forest Baptist Medical Center, afirma com diversos estudos que doenças cardiovasculares são ocasionadas por uma redução no fluxo de oxigênio provocada pela apneia do sono (obstrução das vias aéreas durante o sono) que afeta a pressão arterial e o coração.

A neurologista ainda observa com esses estudos realizados que problemas no sono podem afetar o humor, diminuir a capacidade de concentração e até provocar acidentes.

Ganho de Peso

Estudos indicam que o cansaço gerado pela falta de sono deixa as pessoas menos propensas a praticar exercícios, logo, acredita-se que a falta de sono possa reduzir a quantidade de calorias consumidas em repouso, alterar o metabolismo, reduzir os níveis leptina (o hormônio da saciedade) e aumentar a sensação de fome, “obrigando” a pessoa ingerir cada vez mais alimentos para se manter satisfeita.

Dicas

Kumar afirma que vários fatores podem ter papel nos distúrbios no sono enfrentados por mulheres nessa faixa etária, incluindo as ondas de calor e outros sintomas associados às mudanças hormonais da menopausa.

insonia-horario-dormir-despertador-2011020-original1Para uma boa noite de sono, ela recomenda um ambiente fresco e bem ventilado (especialmente no caso de mulheres que sofrem de ondas de calor), evitar fumar, não consumir álcool perto do horário de dormir nem cafeína após às 13h.

“Se você não adormecer em 20 minutos, tente sair da cama e fazer algo relaxante antes de voltar a deitar”, sugere.

Kumar também recomenda desligar TV, celular e outros aparelhos eletrônicos, ir para a cama somente quando estiver com sono e usar o quarto apenas para dormir.

“E não fique olhando o relógio, porque isso só vai aumentar sua ansiedade.”